quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Dormindo com o inimigo - o retorno


O Sr. Cláudio de Oliveira Lacerda, autor do artigo abaixo realmente não se cansa.

Ele é o mesmo que foi às redes apresentando um gráfico sem pé nem cabeça a defender geniais ideias como “...eis um motivo para não reivindicar aumento, com base em “data mining”, e “...é hora de contribuirmos com o ajuste fiscal do atual governo, sobretudo em função dos efeitos positivos que tal ajuste tem sobre a redução da taxa básica de juros”.

Temos aqui um defensor do “equilíbrio orçamentário”, ainda que saiba que o governo, seu gestor, não é de forma alguma tão cuidadoso quando, por exemplo, beneficia industriais do setor de calçados, confecções, móveis e software, com o plano “Brasil Maior”, deixando de recolher ao tesouro nada menos de R$25 bilhões nos próximos dois anos ou os R$ 18,6 bilhões que o Banco Central abrirá mão para que os bancos Econômico, Banorte, Mercantil e Nacional, que quebraram nos anos 1990, quitem suas dívidas.

Não podemos aceitar que essas e outras renúncias de receita sejam debitadas à nossa conta.

Que dizer do quanto o país perde com a corrupção, que grassa nos gabinetes vizinhos aos do governo e que nos últimos dias tem levado dezenas de milhares de pessoas às ruas, “levantando o tapete da tal faxina”, mostrando que a limpeza não passa de uma varridinha pra baixo do tapete ?

Agora, vem o digníssimo completar com uma ideia “mais genial ainda” de “qualquer movimento mais radical soará tão irresponsável quanto ações de adolescentes em movimentos estudantis”.

Brilhante !!

Em primeiro lugar, pergunto por que um movimento de estudantes adolescentes teria que ser “irresponsável” ?

Vi, durante a minha vida, diversos movimentos estudantis, criados, pensados e maturados, por grupos formados, na sua maioria, por “estudantes adolescentes”, traçarem definitivamente os destinos do nosso país, com muita responsabilidade.

Por que o preconceito ?

Na direção da nossa atual luta, temos visto aqui, nas redes, trabalhos consistentes e bem embasados, de “verdadeiros colegas”, mostrando que “desde o fechamento do último acordo em 2008, já houve perda real de 16,8% e que a persistir a situação atual, haverá uma defasagem de 22,1% em julho de 2012 ou até 27,6% em julho de 2013”.
Será que isso não é suficiente?

Proteger o orçamento não é a nossa missão; proteger o nosso salário sim.

Não reivindicamos nenhum “apoio de diretoria colegiada” e sim medidas do governo para a manutenção do poder de compra dos nossos salários, nas mesmas bases de 2008.

Nada diferente do que o Poder Judiciário ora pleiteia, também a Câmara, para os seus funcionários e, no âmbito do Poder Executivo, a PF e a RF, que como nós, são “carreiras que desenvolvem atividades exclusivas de Estado”.

Recentemente, o Ministro Marco Aurélio Mello, do STF, em “A dignidade do servidor”, diz que deve ser respeitada a equação entre o serviço prestado e a remuneração dos servidores públicos.

Para isso, a Constituição Federal impõe a revisão anual dos vencimentos dos servidores, no mesmo índice, que outro não seja senão o indicador oficial, da inflação do período.

Por ora, é o que queremos e não aumento real de salário e nem de forma alguma nada que acarrete “efeitos orçamentários adversos”, como diz o autor do artigo abaixo.

A reestruturação de nossos cargos e salários, para alçá-los aos níveis do “teto do funcionalismo” é uma outra luta, e sabemos que continua como prioridade na agenda do nosso sindicato.

Só não sabíamos que, para conseguir o nosso intento, que é justo, constitucional, além da batalha junto ao governo, teríamos que enfrentar o “inimigo dormindo ao nosso lado”.

E o pior é que ele ronca.

Orlando Amado de Freitas Filho

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