Por Orlando Amado - Salvador
Em 11.08.2011, na segunda reunião de “negociação” com as entidades sindicais do Bacen, agendada pelo próprio governo, onde seriam apresentadas respostas às reivindicações financeiras da categoria, a representante do MPOG simplesmente as ignorou, projetando-as para negociações futuras. Segundo a representante do governo, está descartada a possibilidade de reajuste para 2011 e/ou 2012, sendo que as negociações que estão e virão a acontecer “só surtirão” efeitos financeiros a partir de 2013. Informou que o governo “não trabalha com a possibilidade de conceder reajuste linear” e que “o país precisa criar condições para se proteger da crise internacional. (???)”
São as mais novas facetas do discurso falacioso, distorcido que já trazia afirmações como: “não podemos aumentar os gastos”, “tiveram ajustes acima da inflação”, etc.etc. A verdade é que em 2008, quando tivemos a mudança dos nossos proventos para subsídios, num momento em que tudo foi discutido, negociado à exaustão foi fechado um acordo com o governo. E o governo continua nos devendo diversos itens daquela pauta de negociação. Em qualquer lugar do mundo sério, em qualquer idioma, em qualquer contabilidade, o momento em que é fechado um acordo salarial, torna-se o marco zero. Tudo sobre o assunto, nas próximas negociações, deverá partir daquele ponto.
Assim, nós, servidores do Banco Central, devemos lutar pela reposição da inflação ocorrida desde o nosso último acordo, em 2008 (este é ponto zero). Desde então, o IPCA variou 14,7% e é, no mínimo, essa correção que queremos agora. Isso é um ditame constitucional. Queremos manter os nossos salários, no mínimo, no mesmo patamar; é com ele que pagamos a escola de nossos filhos, pagamos as nossas contas do mês, pagamos, enfim, a manutenção da nossa vida. O reajuste do salário mínimo, em 2012 será de mais de 14% e isso certamente se refletirá em todos os outros preços que orbitam em torno de nós, meras pessoas físicas; preços das escolas, dos condomínios, dos serviços domésticos e muitas mercadorias; como os nossos custos se balizam por aí, por essa mesma lógica, insistimos que não podemos aceitar mais um ano sem reajuste salarial, pois assim, sob qualquer ótica, estaremos tendo perdas e também nós “não podemos aumentar nossos gastos”.
Em qualquer instituição, privada ou pública, uma planilha de custos de pessoal tem que conter previsão de reajuste salarial anual para, no mínimo manter os salários sempre no mesmo patamar. E como se faz isso, Srs. do MPOG, se não com correção dos salários pelos índices oficiais de variação de preços ? Do contrário, o governo está pretendendo tirar com uma mão o que concedeu com a outra. Isso configura redução salarial, é confisco, e é inconstitucional.
Ao mesmo tempo em que lista os fatores que estão fora do seu controle (crise financeira internacional de 2008, crise fiscal em diversos países da Área do Euro, aumento do preço das commodities em função da maior demanda de economias emergentes), o governo quer nos fazer coadjuvantes, corresponsáveis pela crise internacional. É imprescindível que cada um de nós procure saber e entender que essa famigerada crise é criada pela demanda externa, pelos especuladores internacionais (elevação das commodities - trigo, milho, soja, açúcar, petróleo, minério de ferro, e outros), que acabam influindo nos preços internos. Para proteger a indústria nacional, o governo lançou o plano “Brasil Maior”; com isso, deixará de recolher ao tesouro nada menos de R$25 bilhões nos próximos dois anos, beneficiando os industriais do setor de calçados, confecções, móveis e software. Não aceitamos que essa e outras renúncias de receita sejam debitadas à nossa conta.
terça-feira, 16 de agosto de 2011
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