segunda-feira, 5 de março de 2012

Assalto em Fortaleza - desafios



Por De Brasília - Valor 05/03

O assalto à sede do Banco Central em Fortaleza, em agosto de 2005, tornou-se um dos maiores desafios à recuperação de créditos pela instituição.

Dos R$ 164 milhões levados pelos ladrões através de um túnel de 78 metros, apenas R$ 27,6 milhões foram efetivamente recuperados. A quantidade de pessoas envolvidas e a dispersão do dinheiro em centenas de bens transformaram o caso num dos maiores desafios da Procuradoria do BC.

Ao todo, o assalto levou à abertura de 113 processos. Desses, 27 são ações penais. Nelas, 125 pessoas foram processadas. Até aqui, 77 pessoas foram condenadas pela Justiça, 12 foram absolvidas e 36 ainda não foram julgadas.

O BC criou uma etapa específica dentro de seu programa de recuperação de ativos apenas para tratar das demandas referentes ao assalto. A Etapa Fortaleza já rendeu 23 relatórios.

Num dos relatórios, o BC admite que parte dos valores foi apropriada indevidamente pela polícia. "Os autores do crime sofreram várias extorsões de policiais e de outros criminosos."
Em outro, o BC descreve a formação de uma quadrilha especializada em sequestrar os réus que participaram do furto.

Nos relatórios, os R$ 164 milhões foram transformados em mais de 725 itens, que variam de imóveis a joias, como relógios de R$ 1 mil, de carros a animais, como 216 cabeças de gado, cinco cavalos e sete burros.

O BC levou a leilão 67 imóveis e 61 veículos. Nessa lista, há três micro-ônibus, um jet ski, dez motos e 30 carros. Alguns bens não puderam ser vendidos, pois se tratavam de armas ou de imóveis rurais em área destinada à reforma agrária. Ao fim, os leilões renderam R$ 6,1 milhões ao Banco Central.

Das 30 pessoas que participaram diretamente do assalto, 21 estão presas, cinco respondem em liberdade e quatro estão foragidas. A maior parte do dinheiro permanece fora dos cofres do BC. (JB)

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